O Viajante Cervejeiro convidado para nossa seção do Quem Bebe bem Indica! de hoje é o cervejeiro caseiro de Florianópolis Leandro Buss Becker. Ele visitou Moçambique, a África do Sul e a inusitada Suazilândia, onde teve uma inesquecível experiência cervejeira.
“A Cerveja Suazi
A Suazilândia é um pequeno país localizado no sul da África, fazendo divisa com a África do Sul e Moçambique. Trata-se de uma das últimas monarquias absolutistas do mundo, diga-se de passagem que por escolha da própria população. Apesar da situação calamitosa do país em termos de saúde pública, onde um terço da população tem AIDS, a qualidade de vida é bem razoável, quando comparado ao seu vizinho Moçambique, por exemplo. Outro detalhe do país é o fato de que a poligamia faz parte da sua cultura, sendo obrigação das esposas os cuidados com a casa, incluindo a fabricação da Tjwala (cerveja em Suazi). A Tjwala é muito popular no país, sendo uma bebida que faz parte da história e cultura do povo Suazi.

A Tjwala é feita a partir de dois cereais, Mealie Meaf (uma espécie de milho típico da África) e Sorgo, sendo também usado açúcar. Seu preparo é feito inicialmente em tachos de ferro, sendo então filtrado e passado para a fermentação em baldes de PLT.


O fermento é do tipo “selvagem”, e não há controle de temperatura – verdade é que as ocas onde são feitas as cervejas são melhores isoladas termicamente do que as demais moradias. A fermentação dura três dias, depois a Tjwala é passada para outro balde, onde está pronta para a comercialização (deve ser consumida em poucos dias). A comercialização é feita na própria oca, onde as pessoas devem levar seu vasilhame.


Conversando com os funcionários do hotel onde estávamos, ficamos sabendo da existência de uma cervejaria Swazi que ficava próxima, na região chamada Lobamba. Fomos até lá para conferir, levados por um funcionário do hotel que fez a função de guia. Lá, a cervejeira nos apresentou suas instalações e nos deu uma prova da bebida. Primeiramente, ela fez questão de beber, antes de passar o “copo”. Ao receber o mesmo, deve-se colocar em posição de respeito (agachado), e então se prova a bebida. A mesma tem um gosto amargo e ácido, lembra Lambics e Flanders Ale. Parte deste amargor é virtude do fermento, que se encontra em suspenso na bebida.



Levamos para casa duas garrafas pet da Tjwala e resolvemos dar uma “polida” na mesma. Deixamos o fermento decantar, então transferimos para outra garrafa e fizemos um priming com açúcar. Três dias depois provamos novamente a bebida, que tinha um pouco de gás mas não formou espuma. O gosto não se modificou muito com o polimento. Também fizemos testes misturando com suco de crambery, ficou bem bacana.


Quem tiver interessado vivenciar esta experiência, sugiro procurar pelo funcionário Jabulani (que foi nosso guia), no hotel Mantenga Lodge – onde por sinal fomos muito bem atendidos. A cervejaria fica a 10 minutos do hotel.
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Excepcional! A cerveja em suas variadas e diversas formas!