

Descobrir boas cervejas em países sem tradição cervejeira se tornou um prazeroso desafio. Dessa vez fui parar na Suíça. A fama do país se estende pelos chocolates, queijos, relógios e canivetes, mas o interessante é que há dez anos o movimento cervejeiro começou a aparecer, e pouco a pouco vem ganhando forma e novos adeptos.

Conversando com os principais micro cervejeiros do país notei a similaridade do movimento cervejeiro com o que acontece hoje no Brasil. Sofrem com a concorrência das grandes cervejarias, pagam altos impostos e precisam apresentar a cultura cervejeira para a maioria do público.

De acordo com Fabrice Tournelle (Brasserie l’Enclave), os suíços estão cada vez mais receptivos a novidades e “privilegiam a qualidade à quantidade”, e vê como curioso, porém importante, a “busca dos suíços em adaptar a cerveja na gastronomia”. Sobre os impostos ele é direto, “Dura lex sed lex” (A lei é dura, porém é a lei), estamos na Suíça.

Com produção de 500hl/ano, Reto Engler (Brasserie Docteur Gab’s) diz que os clientes que buscam a cerveja artesanal compreendem a faixa de 20 a 40 anos, e sobretudo “os francófonos (Suíça Romanda) são particularmente abertos às cervejas especiais de inspiração belga”

Precursor na fabricação de cervejas especiais na Suíça, Jérôme Rebetez (Brasserie BFM) está no mercado desde 1997 e hoje exporta suas cervejas para vários países. Ele diz ter passado por todas as etapas de aceitação dos suíços em relação às suas cervejas e complementa dizendo que sofrem “com a falta de identificação”. “Se falam em cervejas belgas, todos sabem que são boas, mas se falam em cervejas suíças…elas existem?”, complementa Jérôme.

Todas as micro cervejarias estão abertas a visitação mediante agendamento prévio. Os estilos mais produzidos são de inspiração alemã e belga, mas é possível encontrar IPA’s, Souts e sazonais como Pumpkin Ale. Eles são claros quando querem se diferenciar das cervejas de massa. “Não são cervejas para matar a sede, mas verdadeiras cervejas de degustação”, diz Jérôme Rebetez.
Agradecimento especial ao grande amigo Aldo que me recebeu em sua casa na Suíça e me apresentou as cervejas do país.