Se você é como eu, que gosta de viajar visitando cervejarias e bares com foco na cultura cervejeira, então pegue seu bloquinho de anotações e insira a Cervejaria Canoinhense no seu próximo roteiro.
Fundada em 1908, a centenária Canoinhense pode ser considerada a cervejaria artesanal mais antiga do Brasil ainda em atividade. E já que a minha (e a sua) paixão é a cerveja, passar por ali é obrigatório.
Assim que cruzei a esquina e avistei o prédio da cervejaria, senti um frio na barriga. Tijolinhos à vista, uma grande porta verde e a fachada indicando que era ali mesmo o meu destino: “Cervejaria Canoinhense – Artesanal desde 1908”.
Atravessei a porta e senti logo o ritmo do mundo baixar. Aquela euforia do dia a dia, a falta de tempo, a correria. Tudo isso sumiu.
Cumprimentei alguns senhores, pessoas simples, que estavam ali bebendo tranquilamente, cada um com sua cerveja. Pouca conversa e alguma contemplação.
Não demorou e a Dona Gerda logo veio se apresentar me dizendo: “Me disseram que você viria, eu só não sabia que dia nem o horário“. Fiquei surpreso e feliz ao mesmo tempo. Conversamos um pouco e ela chamou o Seu Raul, o cervejeiro, para me mostrar a cervejaria.
Lá fomos nós. O Seu Raul e o irmão dele, Tadeu, são os responsáveis por praticamente tudo na produção das cervejas, desde a fabricação até o envase e o serviço para os clientes. Infelizmente não tirei uma foto com o Tadeu.
A cervejaria funciona totalmente de forma artesanal. Os equipamentos são antigos, alguns ainda originais, funcionando desde a abertura da cervejaria.
A cerveja é fermentada em um tanque aberto, as caldeiras são à lenha e um grande ventilador de ferro ajuda no resfriamento do líquido.
O processo de pasteurização, também à lenha, é chamado carinhosamente de “banho-maria”.
Cada pedaço de madeira, cada tijolo, cada canto ali na Canoinhense guarda um registro da história cervejeira importante para o Brasil. O método de produção supracitado, o envase, a rotulagem manual, enfim, tudo ali tem um valor histórico incrível.
Na parte de fora, algumas mesas compõem um autêntico Biergarten (Jardim da Cerveja) e nos dias de verão faltam mesas.
Depois do emocionante passeio pela fábrica, me sentei com a Dona Gerda e ouvi suas belas histórias enquanto tomávamos algumas cervejas.
A Dona Gerda é a mulher do Seu Loeffler, já falecido, e que esteve à frente a cervejaria por muitos anos. Ele faleceu com 93 anos e foi homenageado com a criação do Dia da Cerveja Brasileira. A data escolhida, 5 de junho, faz referência à data do seu aniversário.
Hoje a Dona Gerda é a responsável pela Canoinhense. Foi um enorme prazer ser recebido por ela. Tomamos a Jahú, a mais amarga e a preferida dela. Depois provamos a Mocinha. Ela hesitou, mas depois tomou um copo comigo, dizendo que nunca havia experimentado aquela, já que sempre preferiu a Jahú.
No salão do bar, várias peles na parede, animais empalhados em posições engraçadas, assim como cobras em vidros com formol e um porco de duas cabeças, deixam o ambiente com um ar surreal e divertido. O Seu Loeffler caçava antigamente, o que explica a decoração.
A madeira nó de pinho era muito utilizado como lenha para as caldeiras e acabou dando nome a uma das cervejas, a mais conhecida da casa.
Me despedi da Dona Gerda, do Tadeu, do Seu Raul e saí dali feliz, muito feliz por ter conhecido esse pedaço da história cervejeira do nosso país, e por ter vivenciado tudo isso.
À nossa saúde!
SERVIÇO
Cervejaria Canoinhense
Endereço: Rua 3 de maio, 154, Centro, Canoinhas – SC
Telefone: (47) 3622-0358
Dica de Hotel em Canoinhas
Santa Catarina Plaza Hotel
Site: www.scplazahotel.com.br
MAPA
Interessante. Apenas não foi interessante essa “decoração” com animais mortos. Qual é a finalidade disso? Hoje, com toda a informação que temos sobre direitos animais, deixar que animais mortos por vaidade tola sejam expostos dentro da cervejaria só me faz não ter vontade de ir lá. E é uma pena, porque é interessante conhecer cervejarias artesanais, ainda mais quando é do meu estado. Um abraço.
Se é pra contar a historia, que seja completa não acha? taxidermia é muito mais antigo que eu e você. Acho interessante ver a cultura por completo.
Por toda a Europa são comuns, nas cidades do interior principalmente.
É técnica milenar a e taxidermia e é representativa da cultura e da época.
O lugar é fantástico para o efeito “voltar no tempo”.
Matéria bacana parabéns!
São apenas bichos.
Em 2008, quando visitei o local, tive o prazer de tomar uma cerveja com o Herr Loeffler. Foi sensacional.
Que legal, Germano. Realmente são apenas bichos e fico imaginando o quão bacana deve ter sido tomar essa cerveja com o Seu Loeffer.
Obrigado pelo comentário!
Ein Prosit!
Sou da família Loeffler ou Loffler e estou organizando um passeio do pessoal, para conhecer o lado cervejeiro da família, sim, porque fanáticos por cerveja, todos nós somos.
Já tinha visto uma matéria com o “”Seu Loeffler”” o filho e o neto e estava empolgada com a visita, que acabou não a contendo, quem sabe agora sai.
Acontecendo
Sou canoinhense, embora radicado em Curitiba desde 1975. Conheço a cervejaria de Rupprecht Loeffler desde sempre. Meu pai era contemporâneo dele. Caçavam juntos. As cervejas são deliciosas…mas fortes. De criança lembro das tradicionais ‘gasosas’..em vários sabores. Dona Gerda sempre teve um bonito e vistoso jardim de rosas. Ja adolescente eu comprava semanalmente um buquê multicolorido de rosas para minha namorada. Isto no final dos anos 60. Eram colhidas pela própria D. Gerda. Estudei também com Elfi, uma das filhas do casal Loeffler. Velhos tempos..belos dias. Um forte abraco a toda a Família Loeffler.
Que história bacana. Obrigado por compartilhar.Prost!
Linda matéria Viajante Cervejeiro. Adorei saber mais sobre essa histórica cervejaria. Parabéns pela narrativa, foi emocionante.
Valeu, Ana Paula. Fico feliz que tenha gostado. Saúde!
Tenho 5 exemplares em casa, não sei se bebo ou guardo. Acho que vou guardar,afinal elas já tem uns 4 anos KKK
Que legal. Nesse caso, com tanto tempo já, eu deixaria elas guardadas também. 🙂
POIS É,NA MINHA CASA POSSUO O RÓTULO DA PRIMEIRA CERVEJARIA A QUAL PERTENCIA AO MEU AVÔ PATERNO OTTO BACHMANN EM RIO NEGRO- PR.ESTA MESMA CERVEJARIA É A ATUAL CERVEJARIA DE DONA GERDA,MINHA QUERIDA AMIGA.MEUS AVÓS SE MUDARAM DE LÁ PARA CANOINHAS E O VOVÔ,TROUXE A FÁBRICA PARA CÁ.SEU NOME ANTIGAMENTE ERA “OURO VERDE”.O VOVÔ OTTO TRABALHOU NELA ,ELA TAMBÉM FICOU FECHADA POR ANOS,DURANTE A GUERRA DO CONTESTADO.RESOLVEU VENDÊ-LA,ATÉ QUE A MESMA FOI PARAR NAS MÃOS DO SR.LOEFLLER,O QUAL BRILHANTEMENTE A CONSERVARAM ATÉ AQUI…ABRAÇOS:NELY BACHMANN RAUEN
Que história sensacional, Nely.
Obrigado por compartilhar com a gente.
Forte abraço.
Que legal a história da cervejaria, eu gostaria muito de conhecer e gravar um vídeo contando a história da cervejaria.. Tenho um canal no youtube e quero começar a gravar videos que mostra a cultura de canoinhas.. Gostaria de saber se tem interesse em gravar esse vídeo, pode ser de no máximo 10minutos, contando a história e mostrando os tipos de cerveja que tem.
Oi, Maurício. Que legal que curtiu.
Qual o seu canal no Youtube.
Obrigado pelo convite mas o legal seria mesmo ir lá para gravar.
Valeu e grande abraço
Matéria sencional! Estou pensando em visitar o local em novembro, mas ouvi dizer que a cervejaria só abre em alguns dias da semana. Saberia informar quais dias ela funciona para visitação e venda? Muito obrigado!